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2012 - Livro Vermelho 2013

Comanthera brasiliana (Giul.) L.R.Parra & Giul. CR

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 03-10-2011

Criterio: B1ab(i,ii,iii,v)

Avaliador:

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Comanthera brasiliana é uma herbácea restrita à região da Pedra Menina, no Estado de Minas Gerais, ocorrendo em vegetação rupestre de solo arenoso. Os registros botânicos conhecidos estimam EOO inferior a 100 km², categorizando-a como "Criticamente em perigo" (CR). Uma série de fatores ameaça a sobrevivência da espécie: a ocorrência de indivíduos maduros isolados e esparsos, a comercialização indiscriminada no passado, o endemismo e a atividade antrópica nas áreas de ocupação. As subpopulaçõesidentificadas indicam uma situação de ameaça que, pelo exposto, causa o declínio continuado da AOO, EOO, qualidade do hábitat e número de indivíduos maduros.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Comanthera brasiliana (Giul.) L.R.Parra & Giul.;

Família: Eriocaulaceae

Sinônimos:

  • > Syngonanthus brasiliana ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Dados populacionais

De acordo com Giulietti et al. (1996) a espécie é perene, formando densas populações de plântulas no período entre abril e maio e aparecendo de forma isolada e esparsa, especialmente em julho.

Distribuição

A espécie ocorre no bioma Cerrado, exclusivamente no estado de Minas Gerais (Giulietti et al., 2010). Parra (2000) afirma que a espécie é micro-endêmica da Serra do Ambrósio, Minas Gerais e, segundo Giulietti et al. (1996), a espécie é restrita às cotas mais baixas do morro, até 1000m, estando ausente a partir desta altitude, substituída, por C. magnifica ou por C. suberosa.

Ecologia

Parra (2000) cita que a espécie ocorre com baixa frequência em áreas de carrasco, florescendo especialmente no mês de julho e estando presente sempre em solos arenosos ou areno-pedregosos, com predomínio de arenitos e quartzitos, principalmente nas regiões de campos rupestres. A mesma autora menciona que as populações nunca extrapolam a área delimitada por esse tipo de solo, mesmo no caso de ocorrerem em outros tipos de ambientes que não os campos rupestres, as populações estão relacionadas a solos arenosos.

Ameaças

1.3.2.3 Large-scale/industrial
Severidade medium
Detalhes De acordo com Parra (2000), a espécie já era conhecida e comercializada antes de ser descrita por Giulietti (1996). A colheita indiscriminada de sempre-vivas tem levado a redução severa das populações selvagens. Esta situação é especialmente evidente para C. magnifica e C. brasiliana (Parra et al., 2010).

1.3.2.3 Large-scale/industrial
Severidade medium
Detalhes Segundo Giulietti et al. (1988), C. brasiliana, que é restrita a região de Pedra Menina no Municipio de Rio Vermelho (MG) tem apresentado um decréscimo quanto a sua produção a cada ano, sendo que a espécie já não é mais comercializada. A mesma autora menciona que em 1984, apenas 200Kg de escapos da espécie foram comercializados, o que segundo Parra (2000) evidencia o risco iminente de extinção da espécie que apresenta distribuição muito restrita e baixa frequência. A região de ocorrência da espécie está sofrendo uma forte pressão antrópica no útlimos anos, com devastação do ambiente original, problema acentudado pela exploração da espécie (Meguro et al., 1994; Pirani et al., 1994 apud Parra, 2000).

1.1 Agriculture
Severidade high
Detalhes De acordo com Costa et al. (2008), representantes de Eriocaulaceae ocorrem, na sua grande maioria, em áreas de campo rupestre, nos campos entre os afloramentos rochosos em meio a uma matriz graminóide. Estas áreas na região da Cadeia do Espinhaço têm sofrido enorme pressão agrícola e pecuária. Grandes e pequenas propriedades têm cada vez mais avançado sobre estas terras na intenção de expandir as pastagens e as áreas de cultivo, inclusive com uso de fogo. Outro problema muito frequente é a atividade de empresas mineradoras. Além do grande impacto que causam no ambiente como um todo, em geral seu modo de operação consiste, de início, justamente na retirada das camadas superficiais do solo, sobre as quais encontram-se instaladas as espécies herbáceas. A distribuição geográfica das espécies, geralmente restrita a pequenas áreas, associada à destruição do habitat (fogo, garimpo, mineração, expansão da agricultura e pecuária) e ao extrativismo de semprevivas, contribuem para que Eriocaulaceae seja uma das famílias mais ameaçadas dos campos rupestres do estado de Minas Gerais (Costa et al., 2008).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Severidade very high
Detalhes Entre o século 16 e a década de 1960, os campos rupestres naturais de Minas Gerais foram reduzidos de 29.000 para 5.000 km² (Magnanini, 1961 apud Alves et al., 2007).

Ações de conservação

1.2.1.2 National level
Situação: on going
Observações: Considerada Criticamente (CR) em perigo pelo Anexo I da Instrução Normativa nº 6, de 23 de Setembro de 2008 (MMA 2008).

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: Considerada Criticamente (CR) em perigo pela Lista de Minas Gerais (Deliberação COPAM 085/97. Conselho Estadual de Política Ambiental, Minas Gerais)

Referências

- GIULIETTI, A. M.; WANDERLEY, M. G. L.; LONGHI-WAGNER, H. M. ET AL. Estudo em "Sempre-vivas": Taxonomia com Ênfase nas Espécies de Minas Gerais, Brasil. Acta Botânica Brasílica, v. 10, n. 2, p. 329-377, 1996.

- COSTA, F. N.; TROVÓ, M.; SANO, P. T. Eriocaulaceae na Cadeia do Espinhaço: Riqueza, Endemismo e Ameaças. Megadiversidade, v. 4, n. 1-2, p. 89-97, 2008.

- SCATENA, V. L.; VICH, D. V.; PARRA, L. R. Anatomia de Escapos, Folhas e Brácteas de Syngonanthus sect. Eulepis (Bong. ex Koern.) Ruhland (Eriocaulaceae). Acta Botânica Brasílica, v. 18, n. 4, p. 825-837, 2004.

- BEDÊ, L. C. Alternativas para o Uso Sustentado de Sempre-Vivas: Efeitos do Manejo Extrativista Sobre Syngonanthus elegantulus Ruhland (Eriocaulaceae). Tese de Doutorado. Belo Horizonte - MG: Universidade Federal de Minas Gerais, 2006.

- GIULIETTI, N.; GIULIETTI, A. M.; PIRANI, J. R. ET AL. Estudos em Sempre-vivas: Importância Econômica do Extrativismo em Minas Gerias, Brasil. Acta Botânica Brasílica, v. 1, n. 2, p. 179-193, 1988.

- BORGES, R. L. B.; SANTOS, F. A. R.; GIULIETTI, A. M. Comparative Pollen Morphology and Taxonomic Considerations in Eriocaulaceae. RevieWs of Palaeobotany and Palynology, v. 154, p. 91-105, 2009.

- PARRA, L. R.; GIULIETTI, A. M.; ANDRADE, M. J. G. ET AL.. Reestablishment and New Circumscription of Comanthera (Eriocaulaceae). Taxon, v. 59, p. 1135-1146, 2010.

- FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS. Revisão da lista da flora brasileira ameaçada de extinção. Belo Horizonte, MG: FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA, 2005.

- PARRA, L. R. Redelimitação e Revisão de Syngonanthus sect. Eulepis (Bong. ex Koern.) Ruhland. Tese de Doutorado. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2000.

- SCATENA, V. L.; ROCHA, C. L. M. Anatomia dos Órgãos Vegetativos e do Escapo Floral de Leiothrix crassifolia (Bong.) Ruhl., Eriocaulaceae, da Serra do Cipó - MG. Acta Botânica Brasílica, v. 9, n. 2, p. 195-211, 1995.

- CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA AMBIENTAL, MINAS GERAIS. Deliberação COPAM n. 85, de 21 de outubro de 1997. Aprova a lista das espécies ameaçadas de extinção da flora do Estado de Minas Gerais, Diário Oficial do Estado de Minas Gerais, Diário do Executivo, Belo Horizonte, MG, 30 out. 1997, 1997.

- MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Instrução Normativa n. 6, de 23 de setembro de 2008. Espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção e com deficiência de dados, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 24 set. 2008. Seção 1, p.75-83, 2008.

Como citar

CNCFlora. Comanthera brasiliana in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Comanthera brasiliana>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 03/10/2011 - 13:26:09